A
greve parcial de policiais e bombeiros do Rio de Janeiro decretada
nesta sexta-feira soma-se à de seus companheiros da Bahia e ameaça o
Carnaval, mas as autoridades garantem que, se for necessário, o
Exército patrulhará as duas cidades, onde 850.000 turistas são
esperados.
Centenas de policiais civis, policiais militares (PM)
e bombeiros do Rio votaram a favor da greve levantando as mãos na noite de quinta-feira, em uma assembleia pública realizada na Cinelândia a uma semana do início do Carnaval, uma das maiores festas do mundo.
Apesar disso, a situação nas ruas do Rio era de normalidade nesta sexta-feira, e tanto a polícia como os bombeiros não foram afetados de forma significativa pela greve, segundo os comandos das duas corporações.
Um total de 17 policiais do Rio de Janeiro foram presos na sexta-feira pela greve convocada com os bombeiros, informou à AFP a Polícia Militar (PM), corrigindo a cifra anterior de 59 detidos informada mais cedo por uma autoridade da instituição.
Dez dos 11 oficiais que tinham mandado de prisão emitido pela Justiça foram presos e levados a uma prisão de segurança máxima na cidade, disse a Secretaria de Segurança do Rio.
Além disso, outros sete policiais foram presos em seus próprios batalhões por "desobediência". Outros 14 policiais serão alvo de processos administrativos, completou a secretaria.
Por outro lado, 123 salva-vidas foram acusados de faltar ao serviço nas praias e serão submetidos a "prisão administrativa", informou o Corpo de Bombeiros do Rio. Quinze dos líderes da greve estão sendo investigados e podem ser expulsos da corporação.
Os policiais militares e bombeiros não têm direito de se sindicalizar - são representados por associações - nem de fazer greve no Brasil.
"Haverá uma resposta dura (...) para os policiais que cruzarem os braços. É inaceitável que rompamos o juramento que fizemos de proteger a sociedade", disse Frederico Caldas, porta-voz da PM.
Caldas declarou que em algumas unidades os policiais não quiseram dirigir-se a situações de emergência e foram enviados oficiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope).
Em um episódio isolado, um carro policial foi atacado a tiros por um grupo de homens que viajavam em 15 motocicletas na zona norte do Rio, sem que fossem registrados feridos, disse.
O comando da PM informou em um comunicado que "todas suas unidades estão em pleno funcionamento" e que "não há paralização de nenhum tipo de serviço para o cidadão".
Caso a greve se estenda, as autoridades preveem a chegada ao Rio de 14 mil soldados e agentes da Força Nacional de Segurança para garantir a tranquilidade do Carnaval, que começa no dia 17 de fevereiro.
O Corpo de Bombeiros do Rio também indicou que está funcionando normalmente.
"Neste ano, pela primeira vez na história do Brasil, talvez sejamos privados do Carnaval, aqui em nossa cidade, este Carnaval que é conhecido no mundo inteiro, e que é uma marca para nossa cidade", havia advertido o bombeiro Reginaldo Adin à AFP na madrugada desta sexta-feira, após participar da assembleia que votou a greve.
A partir de sexta-feira "não haverá polícia civil, (nem) polícia militar nas ruas, estaremos todos aquartelados, e sairemos apenas para eventos que envolvam risco de vida", indicou o bombeiro Laércio Soares.
"População: estamos com vocês. Fiquem tranquilos. Apenas pedimos que não saiam às ruas, não levem seus filhos à escola, e o comércio não deve abrir neste momento. É muito importante resguardar a vida", havia afirmado o policial militar Thiago Rodrigues dos Reis.
Os salários da polícia do Rio estão entre os mais baixos do país, e rondam os 1.200 reais iniciais.
Os grevistas estão insatisfeitos com o aumento progressivo de 39% dos salários aprovado na quinta-feira à tarde na Assembleia Legislativa, e exigem um piso salarial de 3.500 reais, além de 700 reais em vales transporte e alimentação.
Os policiais e bombeiros do Rio também protestam contra a prisão na quinta-feira de um líder sindical dos bombeiros, Benevenuto Daciolo, acusado pela justiça de promover um motim e ameaçar o Carnaval.
O protesto no Rio se soma ao iniciado há dez dias pela Polícia Militar da Bahia, que provocou uma onda de violência com um registro de mais de 120 mortos, mais do que o dobro da média normal, sobretudo na capital do estado, Salvador.
O número de mortes violentas caiu na Bahia após a chegada de 3.500 soldados e policiais de elite que garantem a segurança do estado.
Mais de 200 policiais militares amotinados na Assembleia Legislativa da Bahia desocuparam o edifício pacificamente na quinta-feira e quatro dos 12 líderes grevistas foram presos, mas o protesto continua.
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