Com poucos manifestantes presentes, a Comissão de Direitos Humanos
(CDH) da Câmara dos Deputados conseguiu aprovar nesta terça-feira o
projeto de decreto legislativo que trata da “cura gay”. Desde que o
presidente da comissão, pastor Marco Feliciano (PSC-SP), foi indicado
para o colegiado, a CDH se tornou palco de manifestação entre ativistas
pelos direitos humanos e pastores evangélicos apoiadores de Feliciano.
O que se viu hoje na comissão, no entanto, sequer lembra os dias de
ocupação do plenário do colegiado, em que manifestantes chegaram a ser
detidos e impedidos de entrar na sala onde ocorriam as reuniões da CDH.
Antes, os ativistas gritavam palavras de ordem e chegavam a atrapalhar
os trabalhos. Hoje, apenas cerca de 10 manifestantes seguravam cartazes e
aplaudiam o deputado Simplício Araújo (PPS-MA), único a discursar
contra o projeto da “cura gay”.
A proposta altera uma resolução do Conselho Federal de Psicologia
(CFP) e suspende a vigência desse
documento, que proíbe psicólogos de atuarem para mudar a orientação sexual de pacientes e considerar a homossexualidade como doença. Há quase 30 anos a homossexualidade foi excluída da Classificação Internacional das Doenças. Em seu relatório, Anderson Ferreira defendeu que a orientação do conselho impede que homossexuais “mudem” sua orientação com a ajuda de um profissional.
documento, que proíbe psicólogos de atuarem para mudar a orientação sexual de pacientes e considerar a homossexualidade como doença. Há quase 30 anos a homossexualidade foi excluída da Classificação Internacional das Doenças. Em seu relatório, Anderson Ferreira defendeu que a orientação do conselho impede que homossexuais “mudem” sua orientação com a ajuda de um profissional.
“Não existe tratamento porque isso não é doença. O que temos que
tratar é a corrupção, a cara de pau de alguns políticos. Gostaria que
tivessem a mesma possibilidade os profissionais de psicologia de tratar
alguns distúrbios de comportamento do ser humano. Não é a
homossexualidade um dos distúrbios que prejudica a família. O que
prejudica a família é a corrupção, a forma como a classe política está
se comportando. Este projeto é inconstitucional. Apenas o poder
judiciário pode questionar uma decisão de qualquer conselho de qualquer
profissão”, criticou Araújo.
Feliciano, no entanto, alegou que a CDH apenas analisou o mérito da
questão. A constitucionalidade do projeto será avaliada ainda pela
Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). O projeto também passará pela
Comissão de Seguridade Social da Câmara.
O deputado Anderson Ferreira (PR-PE), relator da matéria na CDH,
alegou que há jurisprudência que considera inconstitucional qualquer
resolução de conselho profissional que limita o exercício da profissão.
“Essa resolução cerceia a independência e liberdade dos
profissionais e o direito da pessoa de procurar um psicólogo e de
receber orientação. É direito do paciente procurar atendimento que
satisfaça seus anseios. O projeto de decreto legislativo garante o
direito ao homossexual a mudar sua orientação sexual e ser acolhido por
um profissional”, afirmou o relator durante a leitura do seu parecer,
que pede a aprovação da matéria.
Ferreira alegou que a suspensão dos efeitos da resolução terá
efeito somente até que haja uma decisão judicial que determine se
psicólogos devem ou não ajudar pacientes a “deixarem” a
homossexualidade. Em resposta, o CFP afirmou que os psicólogos estão
proibidos de tratar a homossexualidade como doença.
“Estão sim proibidos os psicólogos de exercer qualquer ação que
favoreça a patologização de comportamentos ou práticas homoeróticas, e
adotarem ação coercitiva tendente a orientar homossexuais para
tratamentos não solicitados. (…) A norma orienta os profissionais da
Psicologia a não se pronunciar e nem participar de pronunciamentos
públicos, nos meios de comunicação de massa, de modo a reforçar os
preconceitos sociais existentes em relação aos homossexuais como
portadores de qualquer desordem psíquica”, defendeu o conselho
representativo dos psicólogos em nota.
Ao final da votação, Marco Feliciano (PSC-SP) criticou a imprensa
mais uma vez pela abordagem ao projeto e disse que é preciso respeitar a
Comissão de Direitos Humanos.
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