Moscou, 9 jan (EFE).- A Agência Espacial Russa, a Roscosmos, começou
a contagem regressiva para a colisão com a Terra da estação
interplanetária Fobos-Grunt, que não conseguiu atingir a órbita com
destino a uma das luas de Marte.
"Segundo os dados que temos e os prognósticos dos especialistas, o
prazo de queda da nave oscila entre 10 e 21 de janeiro, com o dia 15
como a data mais provável", informou a Roscosmos em comunicado.
Quanto ao local da colisão da sonda,
que ficou à deriva em torno da Terra desde o dia 8 de novembro, a Roscosmos é mais cautelosa e afirmou que isso não poderá ser previsto até 24 horas antes da entrada na atmosfera.
que ficou à deriva em torno da Terra desde o dia 8 de novembro, a Roscosmos é mais cautelosa e afirmou que isso não poderá ser previsto até 24 horas antes da entrada na atmosfera.
Neste momento, o raio de queda da sonda - 51,4 graus de latitude
norte e 51,4 graus de latitude sul - abrange de Londres ao extremo sul
do continente americano.
Os russos declararam que a nave, que deveria recolher amostras do
solo de Marte e enviá-las à Terra em 2014, não representa nenhuma
ameaça o planeta.
A superfície da Terra será atingida apenas por cerca de 20 a 30
fragmentos da nave, com uma massa conjunta que não ultrapassará os 200
quilos. O resto da sonda será desintegrado ao entrar em contato com a
atmosfera, da mesma forma que o combustível que leva a Fobos-Grunt, que
será queimado a cerca de 100 quilômetros de altura.
Nos últimos meses, duas naves também se chocaram com a Terra: o
satélite meteorológico americano UARS, que caiu em setembro no oceano
Pacífico e o alemão ROSAT, um mês depois, no Índico.
O Centro Geral de Reconhecimento Espacial do Ministério da Defesa
russo, que determinou com precisão a data e o local da queda do UARS e
do ROSAT, vigia os parâmetros da órbita da estação ininterruptamente.
Imagens da queda da Fobos-Grunt foram captadas nesta semana pelo
astrônomo francês Thierry Legault, na altura de Nice, no litoral
mediterrâneo da França.
A Fobos-Grunt pretendia ser a primeira nave espacial a pousar na
superfície de Fobos, uma das duas luas do Planeta Vermelho, para
estudar a matéria inicial do sistema solar.
Para Igor Lisov, diretor da revista " Cosmonautics News ", "a
estação foi projetada e construída com graves defeitos, do sistema de
comando ao programa de abastecimento".
O programa de lançamentos russo está em plena crise após vários
acidentes; o primeiro ocorreu em agosto do ano passado em mais de 30
anos de funcionamento por um dos cargueiros Progress, que abastecem a
plataforma orbital.
Lisov explicou que entre a desintegração da União Soviética, em
1991, e 2007 o programa espacial russo "teve um financiamento estatal
abaixo do mínimo de subsistência" e que o recente aumento do
investimento não será notado na qualidade do trabalho em menos de cinco
anos.
"O envelhecimento dos especialistas, o estado obsoleto dos
equipamentos, a paralisação da produção de alguns componentes e
materiais e a interrupção do trabalho em certos campos da cosmonáutica"
também se somam a essa situação, acrescentou.
Devido aos baixos salários, a grande maioria dos especialistas da
indústria espacial russa tem mais de 60 anos ou menos de 30, o que põe
em risco o futuro do setor.
"Só conservamos o programa de naves pilotadas, os satélites de
comunicações e o sistema de navegação GLONASS", disse Lisov, que
considerou que a respeitada herança da escola soviética, "em grande
medida, já se perdeu".
Lisov acredita que a Rússia, a primeira potência a enviar um homem
ao espaço (Yuri Gagarin, em 1961), conseguirá manter a paridade com a
China, mas deverá renunciar ao desejo de competir em pé de igualdade
com os Estados Unidos. EFE
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