RIO - O poder
de atração do Brasil entre os estrangeiros extrapolou a área da
diversão e chegou ao mercado de trabalho. Para eles, o crescimento
econômico do país, a proximidade da Copa de 2014 e das Olimpíadas de
2016 e o pré-sal, associados às crises na Europa e nos Estados Unidos,
transformaram o Brasil em uma espécie
de porto, se não seguro, pelo
menos, promissor.
Segundo levantamento da multinacional de recrutamento on-line
Monster, ao longo do ano passado, cerca de 80 mil estrangeiros
cadastraram currículo no site da empresa interessados em encontrar uma
vaga no Brasil. No total, 400 mil estão de olho nas oportunidades
daqui. O próprio Monster, criado em 1997, nos Estados Unidos, com
atuação em mais de 50 países, instalou-se em São Paulo, em 2010, por
conta do bom momento econômico do Brasil.
- Há cerca de quatro anos, o Monster contratou uma consultoria, e o
Brasil apareceu no topo em relação à abertura de novos negócios -
destaca a gerente de Marketing do Monster Brasil, Andreza Santana,
acrescentando que a empresa recruta pessoas daqui e de fora para mais
de 300 clientes brasileiros.
Mas há estrangeiros que nem tiveram o trabalho de procurar uma vaga.
O geofísico holandês Ruben Thomassen, de 33 anos, por exemplo, estava
há quatro trabalhando em Paris para a CGG Veritas, que realiza serviços
geofísicos na área de petróleo e gás, quando foi convidado para vir
para o Brasil. Apesar de ser casado com uma brasileira, ele conta que
os ganhos financeiros e profissionais foram determinantes para arrumar
as malas:
- A proposta foi muito boa. E, no meu caso, foi mais fácil, pois não havia a barreira da língua.
Aqui, ele mora em um apartamento de 110 metros quadrados, em
Ipanema. E ri ao comparar com os exíguos 30 metros quadrados do imóvel
em Paris. No trabalho, garante não existir animosidades de brasileiros
pelo fato de ser estrangeiro.
- Sei de outras pessoas que vieram trabalhar no Brasil. Tem gente da
Europa, Canadá e Rússia. Em geral, são pessoas com mais experiência -
diz ele, que presta serviços para a Petrobras por meio da CGG Veritas.
Andreza confirma uma mudança no perfil desses profissionais: são mais qualificados e ficam mais tempo no Brasil:
- Até há pouco tempo, eles vinham para experiências passageiras.
Agora, muitos trazem a família, têm interesse na cultura, matriculam os
filhos na escola. É um perfil "vou de mala e cuia".
A distribuição dos currículos cadastrados no Monster revela que eles
são provenientes, em sua maioria, dos Estados Unidos e da Europa. Em
novembro do ano passado, na distribuição por nacionalidade, os
americanos respondiam por 33,3% dos currículos, seguidos de franceses
(14,4%), italianos (8,3%) e espanhóis (8,2%).
- Temos convicção de que essa procura dos estrangeiros está
associada à crise - afirma Andreza, acrescentando que as vagas mais
disputadas por esses profissionais são nas áreas de petróleo e gás,
engenharias e tecnologia da informação.
Assim como Ruben, a francesa Florine, de 25 anos, veio ocupar uma
vaga na filial de uma empresa francesa no Rio, que atua na área de
petróleo e gás. Nunca havia pisado aqui antes.
- O Brasil ainda tem a imagem do país do carnaval, do samba e da
violência, mas isso está mudando, especialmente por causa da economia e
de eventos como a Copa e as Olimpíadas - diz a geofísica, que pediu
para omitir o sobrenome.
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