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segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

TRABALHO NO BRASIL AGORA DESPERTA INTERESSE DE 400 MIL ESTRANGEIROS

     RIO - O poder de atração do Brasil entre os estrangeiros extrapolou a área da diversão e chegou ao mercado de trabalho. Para eles, o crescimento econômico do país, a proximidade da Copa de 2014 e das Olimpíadas de 2016 e o pré-sal, associados às crises na Europa e nos Estados Unidos, transformaram o Brasil em uma espécie
de porto, se não seguro, pelo menos, promissor.

    Segundo levantamento da multinacional de recrutamento on-line Monster, ao longo do ano passado, cerca de 80 mil estrangeiros cadastraram currículo no site da empresa interessados em encontrar uma vaga no Brasil. No total, 400 mil estão de olho nas oportunidades daqui. O próprio Monster, criado em 1997, nos Estados Unidos, com atuação em mais de 50 países, instalou-se em São Paulo, em 2010, por conta do bom momento econômico do Brasil.

    - Há cerca de quatro anos, o Monster contratou uma consultoria, e o Brasil apareceu no topo em relação à abertura de novos negócios - destaca a gerente de Marketing do Monster Brasil, Andreza Santana, acrescentando que a empresa recruta pessoas daqui e de fora para mais de 300 clientes brasileiros.

    Mas há estrangeiros que nem tiveram o trabalho de procurar uma vaga. O geofísico holandês Ruben Thomassen, de 33 anos, por exemplo, estava há quatro trabalhando em Paris para a CGG Veritas, que realiza serviços geofísicos na área de petróleo e gás, quando foi convidado para vir para o Brasil. Apesar de ser casado com uma brasileira, ele conta que os ganhos financeiros e profissionais foram determinantes para arrumar as malas:

    - A proposta foi muito boa. E, no meu caso, foi mais fácil, pois não havia a barreira da língua.

    Aqui, ele mora em um apartamento de 110 metros quadrados, em Ipanema. E ri ao comparar com os exíguos 30 metros quadrados do imóvel em Paris. No trabalho, garante não existir animosidades de brasileiros pelo fato de ser estrangeiro.

    - Sei de outras pessoas que vieram trabalhar no Brasil. Tem gente da Europa, Canadá e Rússia. Em geral, são pessoas com mais experiência - diz ele, que presta serviços para a Petrobras por meio da CGG Veritas.

    Andreza confirma uma mudança no perfil desses profissionais: são mais qualificados e ficam mais tempo no Brasil:

    - Até há pouco tempo, eles vinham para experiências passageiras. Agora, muitos trazem a família, têm interesse na cultura, matriculam os filhos na escola. É um perfil "vou de mala e cuia".

    A distribuição dos currículos cadastrados no Monster revela que eles são provenientes, em sua maioria, dos Estados Unidos e da Europa. Em novembro do ano passado, na distribuição por nacionalidade, os americanos respondiam por 33,3% dos currículos, seguidos de franceses (14,4%), italianos (8,3%) e espanhóis (8,2%).

    - Temos convicção de que essa procura dos estrangeiros está associada à crise - afirma Andreza, acrescentando que as vagas mais disputadas por esses profissionais são nas áreas de petróleo e gás, engenharias e tecnologia da informação.

    Assim como Ruben, a francesa Florine, de 25 anos, veio ocupar uma vaga na filial de uma empresa francesa no Rio, que atua na área de petróleo e gás. Nunca havia pisado aqui antes.

    - O Brasil ainda tem a imagem do país do carnaval, do samba e da violência, mas isso está mudando, especialmente por causa da economia e de eventos como a Copa e as Olimpíadas - diz a geofísica, que pediu para omitir o sobrenome.

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